Rob Reiner e esposa teriam sido mortos pelo filho, segundo revista
“Eu não conheço uma alma que não tenha sido agredida / Eu não conheço um sonho que não tenha sido quebrado / Não posso evitar, eu me pergunto o que há de errado” – são estes os versos com tom de súplica da música American Tune, de Paul Simon, que o diretor Rob Reiner escolheu para compor uma das sequências mais reflexivas de Being Charlie (2015), filme que retrata a luta de seu filho, Nick Reiner, contra o vício em drogas.
PUBLICIDADE À época de seu lançamento, o longa-metragem do cineasta de clássicos como Harry e Sally - Feitos Um para o Outro e Conta Comigo, pouco impactou público e crítica.
Ninguém imaginava, no entanto, que dez anos depois a produção seria ressignificada e ganharia contornos ainda mais complexos após a notícia dos assassinatos do realizador de 78 anos e sua mulher Michele Singer, em Los Angeles, no último domingo, 14.
Nick, filho do casal preso por ser o principal suspeito de cometer o crime, foi coroteirista da película de 97 minutos que é baseada em suas experiências de abuso e reabilitação, bem como na relação complicada com o pai.
Filme 'Being Charlie', de Rob Reiner, é inspirado na luta do filho Nick contra o abuso Foto: Reprodução/Prime Video
Pistas e dramas

Publicidade Na semiautobiografia (indisponível nos serviços de streaming do Brasil), o jovem Charlie Mills, brilhantemente interpretado por Nick Robinson, de personalidade pessimista e cínica, tem um olhar perdido desde os primeiros minutos, quando nos deparamos com ele vagando pelas ruas, quebrando janelas e roubando frascos de opioides, antes de ser colocado pelos pais em uma clínica de reabilitação.
Rob Reiner é representado como David Mills (vivido por Cary Elwes), um ex-astro de Hollywood que concorre ao cargo de governador da Califórnia e teme que os problemas do filho viciado possam afetar a campanha.
A relação entre os dois é péssima.
David é um homem severo e caricaturizado como antagonista.
Ele não passa a mão na cabeça do filho, ao contrário da mãe, que é mais benevolente.
Em determinado momento, Charlie diz para os colegas na clínica que o pai é “um merda”.

para dir.
, posa com a família Reiner em 2014, em Nova York Foto: Evan Agostini/Invision/AP O roteiro apressado não se decide entre drama familiar ou investigação do vício, insistindo mais de uma vez na ideia de que “devemos aceitar o que não podemos mudar”.
Logo, boa parte do problema de Charlie reside no fato de que ele se recusava a aceitar a doença.
Esse conceito persiste ao longo do drama conforme o protagonista tem recaídas e chega a morar em um abrigo para usar heroína.
O jovem vê seu mundo ruir quando sua namorada Eva, quem ele conhecera na clínica, foge após um romance intenso ao estilo Sid & Nancy.
Depois, seu melhor amigo morre de overdose durante uma farra regada a cocaína.
O desfecho se dá, na verdade, de maneira estranhamente vaga, como uma sequência na qual temos a impressão de que muitas arestas ainda não foram aparadas.
David, o pai, pede desculpas ao filho e diz que o ama.
Charlie responde que não o odeia e que as drogas serviam, de maneira ineficaz, para “silenciar o barulho”, antes de virar as costas e ir embora.
“Quando Nick nos dizia que não estava funcionando para ele, não o ouvíamos.
Estávamos desesperados e, como as pessoas tinham diplomas na parede, demos ouvidos a elas quando deveríamos ter ouvido nosso filho”, declarou Rob Reiner em uma entrevista sobre o filme ao jornal LA Times.
Também é ligeiramente assustador assistir a uma entrevista de Nick e Rob ao canal Build, no qual o garoto parece se desassociar em diversos momentos.
Ele pede para o apresentador repetir alg