O desentendimento público entre os filhos de Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) terá um novo round nesta terça-feira, quando integrantes do partido, entre eles o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), terão uma reunião com ela em Brasília.
Embora o discurso público seja de uma conversa por conciliação e união, lideranças partidárias asseguram que "o chão deve ser riscado" com a limitação dos poderes de Michelle.
Segundo eles, a intenção será lembrar que o cargo de presidente do PL Mulher é honorífico e que não cabe a ela os poderes dos membros da Executiva Nacional do partido bolsonarista.
Em relação às disputas locais, será ressalvado à ex-primeira-dama que toda e qualquer definição que possa refletir nos palanques para 2026 deve partir do ex-presidente, que encontra-se preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Nomes como o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, e lideranças do Congresso, como o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (RJ), e o senador Rogério Marinho (RN), vão participar do encontro.

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Depois de terem protagonizado uma ação conjunta contra Michelle nesta segunda, os filhos de Bolsonaro pensam em frear os ataques à madrasta, caso a reunião termine bem.
Na visão deles, já teria ficado claro que eles não aceitarão serem "desautorizados" por Michelle.
O discurso público deve voltar a ser, em breve, o de "união".
Piada indevida e disputa por poder O racha entre os filhos de Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama aconteceu após discurso dela no Ceará e tem como pano de fundo a disputa por protagonismo político da família.
No domingo, Michelle participou do lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE) ao governo do estado e, no palco, criticou a aproximação do PL local com Ciro Gomes, articulação conduzida pelo deputado André Fernandes (PL).
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Em uma ação coordenada, os filhos de Bolsonaro a criticaram publicamente e trataram o caso como um "desrespeito" à ordem dada pelo patriarca do clã.
O conflito, entretanto, começou na última terça-feira, após uma piada de Michelle, e no mesmo dia em que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se autoproclamou porta-voz do pai, sem ter combinado com a madrasta.
Na ocasião, caciques da legenda bolsonarista faziam uma reunião para definir a estratégia do partido a partir da prisão.
Com o microfone em mãos, Michelle contou para os correligionários que havia preparado milho cozido para que o marido comesse naquele dia e expôs um apelido íntimo, já que se refere ao ex-presidente como "meu galo", pelo fato de Bolsonaro gostar do prato.
Na sequência, ela fez uma brincadeira que, na opinião dos filhos de Bolsonaro, o expôs.
Michelle disse que Bolsonaro seguia firme na prisão e que havia chegado a hora de provar ser "imbrochável", como diz ser na medalhas dos "3 is" — na qual presenteia aliados que considera "imbrocháveis, imorríveis e incomíveis".
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De acordo com os presentes, Flávio pediu a palavra e foi direto ao dizer que todos deveriam ter cuidado com as palavras, já que a reunião poderia estar sendo gravada.
Segundo ele, àquela altura, seria danoso que fosse vazado um áudio no qual se associava Bolsonaro à impotência.
O senador reforçou que toda decisão dali em diante emanaria exclusivamente do ex-presidente.
O motivo da manifestação de Flávio era impedir qualquer "ganho de terreno" de Michelle na escolha do nome do PL que vai representar a família ao Senado por Santa Catarina.
No estado, Carlos Bolsonaro (PL) foi escolhido pelo pai, enquanto Michelle prefere Caroline de Toni (PL).
Sem consultar Michelle, o senador ainda se autoproclamou porta-voz do pai na entrevista coletiva realizada na sequência.
Em uma curta conversa na sede do PL, Michelle tentou conversar com o enteado, que reforçou que toda escolha deveria passar pelo pai.
Segundo pessoas próximas à ex-primeira-dama, Michelle só esteve no evento de lançamento da pré-candidatura de Girão porque recebeu um pedido direto de Bolsonaro, que queria